quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A equação que ameaça Dilma


Fico impressionado com a falta de imaginação dos governantes brasileiros – entenda-se desde a Presidente Dilma Rousseff até os governadores estaduais –, diante da crise que a falta de planejamento, a má gestão da coisa pública e a corrupção criaram para o Brasil, um país rico em recursos naturais e que tem todos os fundamentos para ser uma potência econômica, mas que recebe agora o selo de potencial caloteiro.

Aumentar impostos e impor a volta da famigerada Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira – CPMF- para cobrir rombo de 30 bilhões de reais no Orçamento é o pensamento único prevalecente nas esferas governamentais. Mas, como fica o prejuízo de cerca de 85 bilhões de reais por ano causado pela corrupção ao Brasil? Eu penso que pode ser até bem mais elevada a quantia desviada, pois suspeito que a dimensão exata do que roubam no Brasil seja mal calculada.

O leitor e economista Aluízio Eugênio Martins, de Campinas, sugere que se apanhe o valor do rombo nas contas governo -30 bilhões de reais- e se divida pelos eleitores que votaram no Partido dos Trabalhadores -54.501.118 eleitores -.Assim caberá a cada eleitor do PT pagar 550,45 reais (plano em 12 meses 45,87 direto no boleto e em 24 meses  22,93 também no boleto).

Sem dúvida, eu colocaria o Partido do Movimento Democrático Brasileiro –PMDB-- como principal responsável pela situação em que se encontra o País, e talvez essa ironia do economista Aluízio Eugênio fizesse algum sentido, porque não há - mas deveria haver - algum dispositivo em política que previsse a responsabilização individual dos eleitores pelos desmandos e deslizes daqueles que escolheram pelo voto para seus representantes no Executivo e no Legislativo.

Cheios de empáfia e cinismo, os governantes anunciam ajuste fiscal, aumentos dos impostos e redução de vencimentos com a penalização dos trabalhadores e assalariados, em especial aposentados e funcionários públicos, que são essenciais para o Estado brasileiro. Mas não se esclarecem as causas que levaram o Brasil a essa situação.

A Oposição, com a sua imensa fatia de responsabilidade, por ter sido omissa no cumprimento de seu papel, e até conivente, transmite  à população a percepção de que a conta salgada será paga pela maioria dos cidadãos, enquanto a minoria esperta –as elites – escapa indene à crise.

Óbvio que o Estado deve ser redimensionado com a devida meritocracia e a reorganização do serviço público conforme padrões morais e éticos idealizados por Ely Lopes Meirelles, José Cretella Junior, Celso Antonio Bandeira de Mello, Maria Sylvia Zanella di Pietro, José Afonso da Silva, etc., dentre os expoentes do Direito Administrativo no Brasil.

Dilma afirma que impeachment baseado em crise econômica é a nova modalidade de golpe contra a democracia. Em política, a legitimidade das urnas reclama eficácia do governante, sem a qual se perde a governabilidade e o consentimento das massas. A equação Governabilidade= Legitimidade + Eficácia é límpida.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Pílulas do Vicente Limongi Netto

Corajosa
Ministro Edinho garante que Dilma confia em Mercadante.  Paciência. Azar o dela.  Com amigo como Mercadante, Dilma e o governo não precisam de inimigos.
CPI às moscas

A inútil e demagógica CPi do Futebol só serve para inflar o ego do senador Romário. A iniciativa é  desnecessária, sonolenta e sem importância. Tanto que nem os próprios senadores da pamtomima aparecem para votar e tomar decisões. A começar pelo relator Romero Jucá, que tem  coisas mais importantes para produzir e fazer no congresso, do que ficar recebendo ordens tolas e absurdas de Romário. 
O clima na patética CPI é tão ruim que o neófito Romário tentou destituir da relatoria o respeitado e calejado Romero Jucá. Pobre, imprudente e mal assessorado Romário. Tem que beber muito toddy e comer muita rapadura para tentar se igualar a politico expressivos e de trajetórias vitoriosas como Romero Jucá.
Ninguém de bom senso vai colocar azeitona na empada do ressentido Romário. O único objetivo do ex-jogador é se vingar da CBF e dos seus principais dirigentes. Não tem saída para Romário. Principalmente quando se agarra  em figuras grotescas e repugnantes, como o rebotalho Juca Kfoury, outro recalcado e desclassificado, que se acha o maioral quando joga as patas na CBF e em Marco Polo Del Nero.  Pobre diabo.
Defesa do Consumidor

Nas matérias e notas saudando os 25 anos do Código de Defesa do Consumidor(CDC), ninguém teve sensibilidade nem boa fé e isenção  jornalística para informar que a iniciativa foi do governo do então presidente Fernando Collor. Assim caminha a humanidade,e o jornalismo se amesquinha
Sempre Ganso

Ainda levo fé no talento do Ganso. Tem se movimentado bastante,  inclusive pelas laterais, chegando bem e fácil na frente, enfiando aquelas bolas magistrais, pensando mais rápido do que a maioria dos colegas(creio que aí que está o busilis. Os caras não acompanham o raciocinio dele.), chutando mais a gol.  Joga fácil, com objetividade, clareza e inteligência. tem classe e categoria. mereceu elogios do PVC, na folha de segunda, pela atuação contra o Internacional. O São Paulo botou o time gaúcho na roda. Ganso participou ativamente e diretamente dos dois gols. 
Ganso tem chances. sobretudo porque Dunga declarou que o grupo ainda não está fechado. Ainda bem. Seria terrível, uma calamidade. Nessa linha, Lucas Mendes, do Santos, é bom jogador, mas não é melhor do que Ganso. Francamente. Aliás, nem Oscar joga mais do que Ganso. Sempre reitero quando falo de Ganso: Perguntem(nunca perguntaram!) qual a opinião dele sobre o futebol do Ganso. Ganso só precisa de uma oportunidade,  de um estímulo. a bola e os deuses do futebol agradecerão, felizes.
Ensaios de Kramer
O cientista político Paulo Kramer lança, no próximo dia 16, no Parlamundi (LBV), na SQS 915, seu novo livro: 5 ensaios de política:Liberalismo,Conservadorismo e Neoconservadorismo, pela Editora Elevação. O evento ocorrerá  das 19:3

domingo, 15 de julho de 2012

Reflexão sobre o efeito "Tiririca"

Li na internet que há 50 comediantes e palhaços candidatos às próximas eleições municipais, inspirados no sucesso obtido pelo comediante e palhaço “Tiririca”, eleito com cerca.de 1,3 milhão de votos para deputado federal pelo estado de São Paulo.
Francamente, não vejo razão para essa discriminação feita pela imprensa em relação a esses profissionais, os quais considero cidadãos comuns no exercício de seus direitos políticos e perfeitamente aptos ao exercício da representação política em todos os níveis.
Há o aspecto pitoresco da demanda política por uma categoria ainda considerada marginal num país acostumado a listar candidatos engenheiros, advogados, médicos, jornalistas, professores, empresários, militares, comerciantes, agricultores, etc.-profissionais tradicionais do recrutamento político, que hoje consolidam um corporativismo visível na Câmara dos Deputados, com suas respectivas “bancadas” profissionais atuando paralelamente às “bancadas” regionais do Nordeste, Norte,Centro-Oeste,Sudeste e Sul.
O corporativismo, instituição antiga no mundo inteiro, assim se estrutura em duas camadas, na Câmara dos Deputados, sobrepondo-se à missão representativa individual que Edmund Burke, em meados do século XVIII, qualificava como “mandato imperativo”,quando o eleito atua subordinado ao seu eleitorado, e “mandato delegado”,quando o eleito decide sem ouvir suas bases.
A super-representação ou a sub-representação, duas distorções existentes no sistema representativo brasileiro, têm origens estruturais e conjunturais, históricas, políticas, sociais e culturais, e os 513 deputados federais representam 190,7 milhões de brasileiros com as mais assustadoras assimetrias. Por exemplo: Um voto do eleitor de Roraima vale o mesmo que o de 12,7 eleitores do estado de São Paulo.
Consultado, certa vez, a respeito dessa distorção, sugeri a um candidato de São Paulo que transferisse seu título para Roraima e fosse disputar mandato naquele Estado longínquo, hoje alvo da cobiça internacional e com boa parte de seu território transformado em reservas indígenas suspeitas. Em outras regiões, onde o voto é decidido na base do trabuco, a questão do risco é a mesma e desestimula os puristas da representação simétrica.
É uma questão muito complexa, que o Brasil empurra com sua barriga ao longo da sua história constitucional, que chega hoje à fixação do mínimo de oito deputados por estado, e não vejo possibilidade de que seja resolvida de acordo com padrões da matemática política idealista.
O Brasil é um país de assimetrias em todas as expressões do poder nacional, e essas assimetrias se projetam no campo das oportunidades. O sistema de quotas, com a denominada “discriminação positiva”, para resgatar injustiças históricas, como as geradas pelo escravismo contra os negros e índios, não passa de um remendo moral e ético, que acaba ficando pior do que o soneto. Idêntico raciocínio aplico para a redução da desigualdade econômica e social mediante políticas públicas assistencialistas... Não há outra solução que passe ao largo do desenvolvimento integral do Brasil.

Rosane e o preço do poder


Rosane Brandão Malta, ex-primeira dama Rosane Collor e ex-mulher do Presidente Fernando Collor, prepara o lançamento de um livro contando alguns detalhes da vida do casal antes, durante e depois da conquista do poder.
Collor governou o Brasil de 15 de março de 1990 a 29 de dezembro de 1992, tendo sido destituído da Presidência, por impedimento aprovado pelo Congresso Nacional, sob acusação de improbidade administrativa, após denúncias de ligações com seu tesoureiro de campanha PC Farias, contidas em dossiê divulgado pelo seu próprio irmão, Pedro Collor.
Foi um processo conturbado de acusações contra o Presidente Collor, alimentado pela oposição do Partido dos Trabalhadores, liderado por Lula, e pelas manifestações, nas ruas das principais capitais brasileiras, de milhares de jovens estudantes favoráveis ao impedimento do Presidente, no movimento denominado “Caras Pintadas”.
Em longa entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo, Rosane adiantou alguns tópicos da obra, que, certamente, reavivará, no imaginário do povo brasileiro, a figura do hoje discreto senador de Alagoas, que completa, no próximo dia 12 de agosto, 63 anos de idade.
Rosane, hoje ativista do movimento evangélico, confirma as ligações à época do Presidente Collor com PC Faria, a desenvoltura desse empresário nos escaninhos do poder, com visitas semanais à Casa da Dinda, mansão da família Collor em Brasília, e revela detalhes de sessões de magia negra que Collor realizava no porão de sua residência.
Quando PC Farias foi assassinado em sua casa. De praia, em Alagoas, em 23 de junho de 1966, com sua namorada Suzana Marcolino, o casal Collor e Rosane se encontrava a passeio no Taiti. Rosane não acredita que Collor tenha qualquer envolvimento com o assassinato do empresário, fato que até hoje continua envolto em mistérios.
Divorciados desde 2005, Rosane e Collor disputam na justiça alguns bens, e a ex-mulher pede revisão do valor da pensão alimentícia, atualmente fixado em 18 mil reais, quantia que Roseane considera insignificante, diante do patrimônio de Collor.
Rosane afirma que já recebeu ameaças anônimas e se considera “um arquivo vivo”, e responsabiliza previamente Fernando Collor de Mello por qualquer atentado que venha a sofrer. Collor, procurado pela TV Globo, se recusa a fazer qualquer comentário.
Relato o assunto, já amplamente noticiado, para os leitores deste blog no exterior, que não tiveram a oportunidade de assistir a entrevista de Rosane. Mas, concluo que o poder tem seu preço, e o tempo sempre revela seu valor, qualquer que seja o homem público que dele desfruta.
Recordo o que disse Lord Acton"O poder tende a corromper; o poder absoluto corrompe absolutamente."

sábado, 14 de julho de 2012

Reflexão sobre o "efeito Tiririca"


Li na internet que há 50 comediantes e palhaços candidatos às próximas eleições municipais, inspirados no sucesso obtido pelo comediante e palhaço “Tiririca”, eleito com  cerca.de 1,3 milhão de votos para deputado federal pelo estado de São Paulo.
Francamente, não vejo razão para essa discriminação feita pela imprensa em relação a esses profissionais, os quais considero cidadãos comuns no exercício de seus direitos políticos e perfeitamente aptos ao exercício da representação política em todos os níveis.
Há o aspecto pitoresco da demanda política por uma categoria ainda considerada marginal num país acostumado a listar candidatos engenheiros, advogados, médicos, jornalistas, professores, empresários, militares, comerciantes, agricultores, etc.-profissionais tradicionais do recrutamento político, que hoje consolidam um corporativismo visível na Câmara dos Deputados, com suas respectivas “bancadas” profissionais atuando paralelamente às “bancadas” regionais do Nordeste, Norte,Centro-Oeste,Sudeste e Sul.
O corporativismo, instituição antiga no mundo inteiro, assim se estrutura em duas camadas, na Câmara dos Deputados, sobrepondo-se à missão representativa individual que Edmund Burke, em meados do século XVIII, qualificava como “mandato imperativo”, quando o eleito atua subordinado ao seu eleitorado, e “mandato delegado”, quando o eleito decide sem ouvir suas bases.
A super-representação ou a sub-representação, duas distorções existentes no sistema representativo brasileiro, têm origens estruturais e conjunturais, históricas, políticas, sociais e culturais, e os 513 deputados federais representam 190,7 milhões de brasileiros com as mais assustadoras assimetrias. Por exemplo: Um voto do eleitor de Roraima vale o mesmo que o de 12,7 eleitores do estado de São Paulo.
Consultado, certa vez, a respeito dessa distorção, sugeri a um candidato de São Paulo que transferisse seu título para Roraima e fosse disputar mandato naquele Estado longínquo, hoje alvo da cobiça internacional e com boa parte de seu território transformado em reservas indígenas suspeitas. Em outras regiões, onde o voto é decidido na base do trabuco, a questão do risco é a mesma e desestimula os puristas da representação simétrica.
É uma questão muito complexa, que o Brasil empurra com sua barriga ao longo da sua história constitucional, que chega hoje à fixação do mínimo de oito deputados por estado, e não vejo possibilidade de que seja resolvida de acordo com padrões da matemática política idealista.
O Brasil é um país de assimetrias em todas as expressões do poder nacional, e essas assimetrias se projetam no campo das oportunidades. O sistema de quotas, com a denominada “discriminação positiva”, para resgatar injustiças históricas, como as geradas pelo escravismo contra os negros e índios, não passa de um remendo moral e ético, que acaba ficando pior do que o soneto. Idêntico raciocínio aplico para a redução da desigualdade econômica e social mediante políticas públicas assistencialistas... Não há outra solução que passe ao largo do desenvolvimento integral do Brasil.
O nexo entre os candidatos inspirados em “Tiririca” e a realidade brasileira é a busca de justiça social, o desejo de reconhecimento e participação política em uma sociedade pouco permeável ao ideal de cidadania. Vida de comediante ou palhaço não é fácil; se tais profissões começam a viabilizar a inserção política e social, então “Tiririca” já fez muito mais pela política brasileira do que seus críticos e, talvez, até ele mesmo  imaginam...



quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Espírito de Jung-gun garante poder aos militares na Coréia do Norte

Os funerais do presidente da Coréia do Norte, Kim-Jong-il, traduzem um responsório, se forem autênticas as imagens das lágrimas vertidas e das expressões de dor do povo pela perda do seu líder. Rituais de velório e sepultamento que deixariam perplexo Fustel de Coulanges, o mestre da análise do culto e da divinização dos mortos, em sua formidável obra “A Cidade Antiga” (1864).

Falo em autenticidade, porque a Coréia do Norte tem o regime comunista mais fechado do mundo, baseado numa suposta dinastia ditatorial, e as informações e imagens saem de Pyongyang sob censura do governo ou pelas vias alternativas de Seul e Pequim.

Transcorreram 12 dias- entre a morte e o sepultamento do ditador- de mistério, expectativa e apreensão mundiais sobre o rumo que aquela pequena potência nuclear tomará nas mãos do filho e provável sucessor, Kin-Jong-un, de 29 anos de idade, alçado à condição de comandante supremo das Forças Armadas.

O acontecimento em si comporta as mais variadas análises e especulações no Oriente e no Ocidente, mas o farto noticiário a respeito, tendente a se multiplicar por alguns meses, é alimentado pelo receio, por parte de grandes potências, de um desequilíbrio político-militar naquela região, com repercussões mundiais.

Não seria, obviamente, receio de que o novo e jovem governante passe a instilar seus ímpetos guerreiros, que esses ele não os tem ou foram escoimados pelos seus estudos na Suíça. O receio é do aparatik militar e partidário, repleto de espiões infiltrados no povo e que controla não apenas os governados, mas também os governantes. Eis o efeito sinérgico de uma ditadura militar de esquerda.
Stalin centralizava em torno de si a sua equipe, o mesmo acontecendo com Hitler e Mussolini, os três encarnando o estado totalitário, em forma piramidal. No caso coreano, a pirâmide é invertida: Simula-se uma dinastia ditatorial, uma encarnação do poder transmitido de pai para filho e neto, mas não é crível que a família seja a chave do poder.
Quando se menciona o “Presidente Eterno” Kim-Il-sung, pai de Kim-Jong-il, se presta homenagem ao fundador da Coréia do Norte, em 1948, mas os verdadeiros donos do país são as Forças Armadas, altamente profissionalizadas, com mais de um milhão de efetivos e um poderoso arsenal, controladoras do próprio sistema partidário (Partido dos Trabalhadores, amplamente hegemônico,  Partido Chondoísta e Partido Social-Democrata, coligados.)
A alma das Forças Armadas é o Exército Revolucionário da Coréia do Norte, cujo espírito é o mártir e herói da libertação, Ahn-Jung-gun, executado pelos japoneses em 26 de março de 1910. É esse o espírito que rege o corpo e a alma da Coréia do Norte, e ele não fará nada que a China e a Rússia não permitam.

                                                                                                                                       

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

12 Gênios da Atualidade Política Brasileira (3a.listagem)


Em recente artigo de análise política, intitulado “12 gênios da atualidade política brasileira “, mencionei os nomes de José Sarney, Lula, Marco Maciel, Paulo Maluf, Fernando Collor, Itamar Franco, Joaquim Roriz, Iris Rezende, Francisco Dornelles, César Maia, Michel Temer e Inocêncio de Oliveira.
Hoje, com a morte de Itamar Franco, coloco como seu substituto na minha lista o ex-deputado e ex-ministro José Dirceu, que se encontra ainda sob investigação acerca das denúncias sobre seu suposto envolvimento no escândalo do “Mensalão”.
Não necessariamente por essa ordem, mas José Sarney, sem dúvida, continua encabeçando a lista há décadas, e a sua permanência na presidência do Congresso Nacional dispensa mais explicações. Comparam-no a Joseph Fouché, mas eu não
concordo, pois penso que seus estilos e suas  trajetórias são muito diferentes.
E aí, sim, explico a razão de acrescentar à lista o nome do deputado José Dirceu, esse, sim, o nosso clone de Fouché. Um clone bem mais modesto, creio, porque o Brasil nunca teve alguém que fizesse o que Fouché fez  como regicida e “carniceiro de Lyon”.
Dirceu combateu o regime militar, como ferrenho comunista, atuando no exterior e dentro do Brasil; ajudou a derrubar Collor e participou da ascensão do PT ao poder com Lula, de quem foi ministro da Casa Civil e o melhor articulador político, inclusive nas articulações com nobres e burgueses para garantir maioria parlamentar a Lula.
Bem ao seu estilo de mineiro de Passa Quatro, que conquistou mandato de deputado federal por São Paulo, Dirceu teceu teias tão amplas, que acabou se emaranhando em seus fios, quando o deputado Roberto Jefferson o denunciou como principal arquiteto do “Mensalão”.
Esse “camaleão”, que tem se adaptado às circunstâncias políticas e históricas com notável habilidade; que tem driblado a imprensa e os processos judiciais como enguia ensaboada, conhece profundamente os meandros do poder no Brasil e a psicologia das elites.
A principal arma de Dirceu é a informação, que ele continua cultivando com desenvoltura nos principais nichos do governo, nas sombras do PT e nas próprias hostes de outros partidos. Informantes não lhe faltam.
Algumas figuras comprovadamente envolvidas no “Mensalão” já voltaram à cena política, reocupando até postos estratégicos dentro e fora do Congresso Nacional, mas José Dirceu ainda luta para escapar dos tribunais.
Quando digo gênio político, não levo em consideração relevante o aspecto ético, o caráter do político, e nem mesmo a alma, que, segundo Ortega y Gasset, se conhece pela escrita e pela obra.
Considero, primeiramente, a singularidade da intimidade do gênio com o poder como estratégia para determinado objetivo político. Uma coisa (rara) é o político que doma o poder, e outra é o que se deixa domar pelo poder. Essa lista que mantenho atualizada é produto de minha reflexão sobre esse aspecto da cratologia.